20070907

[algumas memorias]

Sempre vou lembrar, do perfume que minha mãe usava, da brisa que soprava no bosque que meu avô plantou pra mim na chácara.
De montar lego com pessoas queridas sem se preocupar com nada além daquilo. A sensação de segurança de saber que quem está ao seu lado cuida de vc.
Cuida de verdade. Tudo sempre parecia tão novo e colorido até as plantas que eu via no jardim... os desenhos de sábado de manhã, ou o gato felix na tv antes de ir pra aula.
Na hora do almoçoo era certeza que tinha Chaves na tv.
Ai vieram as guerras... de almofada. Sem saber acho que fui ferido... mas quando as guerras acabaram. Lembro que meu avô tinha ido pra guerra e me contava umas historias e ele dizia que ninguem perde por tentar ser bom, mas que o ser humano, em sua natureza corrompida, já não havia mais levado isso a sério, muito embora ainda existissem pessoas
muito boas no mundo. Ele me dizia que o meu melhor amigo seria Deus, porque ainda que me faltassem os amigos, assim como sinto a falta dele hj, minha fé permaneceria.
Tinha um lugar perto da quadra que eu fazia castelos de areia. Hj, escondeu-se num canto da minha memória, tornou-se apenas isso. Tudo é passageiro. Mas o provisório carrega em si sementes do eterno.
Eternizei essas pessoas em memórias enquanto eu viver, e a graça disso talvez seja que foi muito bom e que isso é meu de uma maneira que nunca vai ser de mais ninguém. Meu avô matou gente na guerra... e perdeu muita gente na guerra... e ele me dizia
- Sabe o que eu ganhei com tudo isso? Nada. Porque isso tudo é vaidade.
- A morte vem pra todos e nada muda isso.Mas isso não quer dizer que vc deve ir a forra e acabar com tudo.
Pra uma pessoazinha de 3 ou 4 anos isso não era uma coisa muito clara. Mas hj é. Ele foi sabio no que fez, porque eu naum esqueci. Em todos os dias que passei naquele bosque, mesmo depois da sua morte eu podia lembrar de cada palavra. Ele me levava pra tomar guaraná numa padaria que hoje já não existe mais.
Ficava ali na rua deles, na Ricardo Lunardelli. Ironicamente a padaria fechou e ficou bem quebrada, e minha avó caiu na calçada quebrada da padaria e quebrou o braço.
Quando a gente eh pequeno e o mundo é grande, imenso, tudo é magico de uma maneira bem especial. Não to querendo fazer o saudosista, mas me impressionou.
Assim como quando eu ouvi,em 1988, war pigs, do sabbath e nunca mais consegui parar de ouvir rock'n'roll, como eu tava explicando pro Rochinha esses dias. Tem momentos na vida que são tão singelos e simples e sinceros e sobre tudo honestos que tem um valor inestimável para mim.
Quando a gente é mais novo e não ve o mal nas coisas acha que o mundo é como a nossa casa.
Cheio de carinho e amor. Vejo tantas familas destruidas e seus reflexos hoje que tenho medo de ter filhos num mundo como esse... onde o amor se esfriou. Essa é uma confissão.
Mas voltando a falar dos momentos especiais, apesar de muitas pessoas não terem a sensibilidade de compreender o significado
deles, não quer dizer que não devemos valoriza-los ao máximo assim como eu sei que apesar de não ter meu avô hj, preservo uma memória boa dele. E de outras pessoas que também se foram ou preferiram estar longe.
Não ignore seus momentos especiais. Eles não voltam. Mas tenha a certeza de que todos são dias para criar novas memórias. Poderia citar
mais e o farei em outra oportunidade.
Sejamos inocentes para o mal e sensíveis para o bem contido na vida. Ela melhora quando a gente consegue ver o valor das coisas, das pessoas, dos gestos... Existe amor nas letras vermelhas... existe paz e perdão.
Nesse um ano a menos que faço por esses dias, quero agradecer a todos que fizeram parte d alguma forma da minha vida... ao meu grande amor, aos meus melhores amigos e famiglia.

God bless you all.
All.

J.

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