20081212

A arrogância nossa de cada dia.




Como somos arrogantes… Sim, eu e você. Todos nós. Filhos do Rei?! E por isso nos sentimos no direito de perturbarmos a ordem universal; no direito de impormos a nossa vontade sobre as demais pessoas ao nosso redor. Hoje digo que isso tem que parar, isso deve morrer.

Preciso confessar aqui alguns pecados meus. Preciso contar o que sinto, na esperança de impedir que outras pessoas, amadas que são, ou amadas minhas ou de outro alguém comum, experimentem a fúria de sensações incuráveis como a do abandono e a do desprezo.

Eu recentemente tenho enfrentado uma crise de fé enorme, após uma cisma num determinado grupo do qual eu fiz parte durante aproximadamente nove (9) anos, e que ocasionalmente me compeliu a ter que abandonar o trabalho. Tal grupo havia sido fundado por mim e por meu melhor amigo. Algumas pessoas podem dizer que isso não é um motivo de grande relevância, mas caro leitor, friso aqui que sim, é de altíssima relevância na minha vida. Sei que o dito popular lança que “Pimenta nos olhos do outro é refresco”. E humanamente falando, sim, é mesmo. Assim como eu tenho travado uma luta diária com esse problema, sei que outras pessoas têm outros problemas aparentemente pequenos por fora, mas que assolam as suas vidas como se fossem monstros.

Eu tenho estado em pecado. A minha falta de visão sobre a situação me leva a descrença de que Ele tem feito algo por mim a esse respeito. Parece que as orações batem no teto e não passam ( =P como se elas precisassem sequer subir para chegar àquEle que permeia todas as coisas e que está em tudo, embora nem tudo esteja nEle ), e esse silêncio que ensurdece o coração parece elevar o nível de toxicidade da raiva e da impotência diante de uma situação, aparentemente irremediável.

Eu tenho estado em pecado, porque na minha pequenez humana eu tenho sido menos grato, e tenho murmurado mais. Porque eu tenho tratado com desdém coisas como o pão de cada dia, como ver a Glória de Deus no olhar dos meus pais, ou do meu casal de chinchilas; tenho sido indiferente à graça, no sorriso lindo da minha namorada, ou abraço confortante da amiga que tem sido a mais próxima nos últimos tempos. Estou em pecado porque eu tenho sido arrogante a ponto de não me lembrar de “…trazer ao coração aquilo que me dá esperança; A misericórdia do Senhor não tem fim, e essa é a razão de não sermos consumidos.” (Lm. 3:21)

Eu tenho estado em pecado, porque essa minha arrogância, me tira a tão essencial visão de que o Criador, é presente na natureza e que Ele é suficiente, e apenas Ele é suficiente para que eu viva, morra, ame, sirva, receba e resista. Eu confesso ter dificuldade de andar, embora eu conheça o caminho… Embora conheça o Caminho.

Nessa semana, logo após um trabalho rotineiro com outro grupo, soltei uma bombinha na sarjeta da Rua Teodoro Sampaio, comemorando o Hexacampeonato do São Paulo. Embora eu seja santista, todo mundo que me conhece sabe que eu gosto muito mais de fogos de artifício do que de futebol, então qualquer desculpa serve para festejar… É algo meio hillbilly, como dar tiro pro alto, e quem me conhece sabe que eu agradeço a Deus por não ter uma só arma… Eu tenho três… Tá bom, foi uma piada, não tenho armas, mas enfim. Essa bombinha miserável desencadeou o que eu chamo de descontrole emocional urbano. Nesse nosso ben(mal)dito mundo pós-modernosississimo, temos os mais variados problemas e pressões sobre os nossos ombros, e que são acumulados diariamente, tornando alguns de nós bombas-relógio, prestes á explodir. Eis que um cidadão saia “calmo, com cara “simpática e descontraída”, do prédio logo em frente ao local da explosão, e foi essa simples bombinha o que foi preciso pra que este tivesse um D.E.U. . E deu mesmo.

A sua primeira reação foi gritar muito, e ameaçar, de onde percebeu-se que este tinha ingerido certa quantidade de álcool. E foi se aproximando com os punhos fechados e querendo brigar. Estávamos num grupo de cinco pessoas, e nenhuma era pequena. Dissemos que não queríamos brigar e ele partiu pra cima de um de nós. Eu o segurei e disse que eu tinha soltado a bombinha, e que ninguém queria brigar com ele, e pedi desculpa pelo incidente, assumi o erro. E ele continuou gritando, logo após esboçar ir embora. Percebendo que não estávamos dando muita atenção, o cidadão, veio por trás de mim e me deu um tapa na cabeça. Mais uma vez a cena se repete e eu digo que não vamos brigar com ele. Blá blá blá. Após alguns minutos de mais ofensas verbais, ele vem até mim, chega perto e cospe na minha cara. E nós dissemos: “Não insista, cara. Ninguém aqui vai brigar hoje”.

Quando penso nos problemas que esse cara deve ter enfrentado em casa, antes de nos encontrar, passa pela minha cabeça uma imensa sorte de possíveis dores e transtornos que podem ter levado (às vezes) uma pessoa, que é de suposta boa índole, a se portar dessa forma. Aparentemente agi como um cristão deveria ter agido. Mas quando olho pra dentro de mim percebo que aquele homem , independente das suas razões e motivos, morreu. Já era um presunto de uns 90 e poucos kgs. No meu coração eu o matei. Eu o espanquei até que seu maxilar inferior ficasse tão arregaçado que ele apenas cuspiria nele mesmo pro resto da vida, se fosse salvo às tempo. No meu coração, ele pagou por aquela agressão naquele mesmo momento. No fundo, embora tenha me lembrado de Jesus, e da vaga idéia que faço do que Ele passou por mim e por vocês, o que também inclui ser muito cuspido, sei que não deixei de me vingar por amor, mas porque me era muito conveniente pensar no que eu poderia perder se agredisse aquele cara, e isso sim faz de mim uma pessoazinha extremamente egoísta, arrogante e suja. Eu o matei em meu coração, porque se o fizesse na vida real, eu poderia sofrer um prejuízo ainda maior. E não porque eu gostaria de ser tolerado num momento de muita estupidez como o que ele acabara de experimentar. Eu tenho estado em pecado, porque em meu coração sou um assassino. (Tg.1)

Eu tenho estado em pecado, por não amar como deveria. Da mesma forma eu quis que esse meu melhor amigo, que por motivos que eu não entendo e que nunca entendi nem percebi me ignorou, e me compeliu a sair da banda que eu mais amei (com todo respeito à todas as outras, e vocês sabem como isso é, né?! banda é que nem casamento… namoro, sei lá…), sofresse o que eu tava sofrendo, sentisse o abandono que eu tava sentindo, experimentasse o gosto amargo de ” não ser bom o suficiente” para ser parte de algo cuja a idéia primeira veio também do meu próprio coração… Assim como no meu coração eu surrei o meu melhor amigo, por todas as vezes que eu me senti pra baixo, porque ele tem um jeito ainda mais duro do que o meu de tratar as pessoas. Eu tenho estado em pecado por não saber amar e permitir que essas coisas abram espaços para pequenos buracos negros no meu peito.

Eu tenho estado em pecado porque eu tenho glorificado a Deus menos do que eu tenho chorado de raiva… Porque eu tenho “me preocupado com a minha própria casa, ao invés de me preocupar com a casa do Senhor.” (Ag. 1)

Me repetindo: Eu entendo que a vida cristã é uma vida de constante auto-confrontação e renúncia. Entendo que conversão é um processo diário, onde nós escolhemos amar o que o Senhor ama, e odiar o que o Senhor odeia. E Deus amou a todos. Consumiu Sua obra de amor por nós em JESUS, o Cordeiro que tira o pecado do mundo. No entanto, constantemente me pego devastando pessoas e mundos em meu coração, apenas pra satisfazer uma vontade cretina de não sair por baixo, de suprimir minhas frustrações, dissabores e falhas, com ilusões de poder e glória pessoal. Eu tenho nojo de mim a ponto de em certos momentos me sentir doente por ser quem sou.

Alguns amigos me dizem que eu me cobro demais… Querem saber?! Pretendo ser o menos hipócrita possível, embora nem sempre eu consiga. Exponho aqui, agora, alguns pensamentos sórdidos e reações toscas que tenho, e confesso também estar lutando contra meus demônios, por assim dizer, mas esses não são os únicos pensamentos ruins, nem os únicos problemas que tenho.

Eu tenho estado em pecado, porque ás vezes, nossa falta de visão nos faz esquecer que nós éramos e AINDA SOMOS TODOS, merecedores daquela cruz, daquela dor, daquele desgosto, humilhação e morte. Nós. Eu, vocês, e eles também. Fomos encontrados mortos em nossos delitos e pecados, e, no entanto, estamos nos perdendo em nossa maldita auto-piedade e egoísmo, em nossos probleminhas pequenos e picuinhas e tanta $#%^&, que é impossível não notar como temos sido arrogantes diante do Senhor, vivendo em paixões e modas e esquecendo de praticar AMOR.Deus abomina a arrogância nossa de cada dia, e nós todos sabemos disso.

Eu tenho estado em pecado, porque no meu pequeno mundo, com valores dispares e vagos, eu tenho questionado o Amor de Deus para comigo, porque eu não tenho conseguido alcançar objetivos pessoais, e que não valem mais do que a salvação.

Por isso, Deus que me perdoe. Que tenha misericórdia de mim, porque eu não sou bom. Porque o bem que eu quero, mal consigo querer. E o mal é o ápice do meu trabalho. O que me dói ao escrever isso é saber que eu não o único ser criado por Deus que experimenta isso, não. Sei que não estou sozinho nisso. E eu preferia estar, juro que preferia.

Caso você saiba o que é isso que eu disse aqui, saiba que nós precisamos mais de Deus. Aliás, precisamos apenas dEle. Então entregue seus caminhos, não perca tempo. Porque a oração que eu tenho feito com fé, é para que venha logo o dia do Senhor e então todas as coisas tomem seus devidos lugares.

E por favor, perdoem-me se essa minha confissão ofende alguém aqui… Peço perdão ao meu amigo e ao cara que me cuspiu por ter matado eles na minha cabeça, por querer seu mal. E se alguém aqui for diferente de mim nessas coisas, por favor, me apedreje.
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Ainda assim há esperança, “Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei ao meu lado, e os meus olhos o contemplarão, e não mais como adversário. ”
(Jó 19:25-27a)

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